terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Got milk?

Gosto de ir ver filme sem recomendação, sem ler a crítica, sem ouvir os amigos que insistem (na melhor das intenções) em exaltar as qualidades de qualquer tipo de arte que lhes tenha caído à perfeição. É que, apaixonados, eles se esquecem que possa não ser bem o meu número. Subjetividade, hã? Pressuposto número um. Dia desses divaguei sobre o tema com um recente e surpreendente novo amigo e compartilhamos opinião. Foi libertador.

Mas contrariando a regra de não recomendar um filme, livro, peça ou disco pra não alimentar o monstrengo chato das expectativas, vou falar de Milk. O Oscar de melhor ator pra Sean Penn me libera pra ser a propagandista de plantão, ora pois.

Milk é uma história excelente contada de maneira excelente. Um registro histórico e bem documentado, conduzido por Gus Van Sant, (acreditem-me) excepcional biógrafo cinematográfico. Há um equilíbrio entre os nacos de história e romance que prendem do início ao fim. Ao final do filme não resta nenhuma falhazinha de entendimento sequer. E nem de emoção. Eu quase gritei feliz em uma das vitórias de Milk, confesso. Senti no cinema inteiro a mesma a vontade de assoviar e aplaudir o sucesso de Harvey Milk de pé.

Sean Penn está magnífico. Não faz uma caricatura: faz uma grande figura (com o perdão da rima pobre e desproposital). Certo que a riqueza do personagem é prato cheio, mas a delicadeza de entender o universo de um homossexual como ele fez, sem cair no exagero e tornando digno cada passo de Milk (com seus excessos, seu carisma e sua inteligência), é assustadora. Seus discursos convencem, sua verve política magnetiza, sua devoção pela causa ganha adeptos. A gente esquece que é Sean Penn que está ali, com sua figura forte por natureza. E analisando por aí, não haveria mesmo ninguém melhor pra representar um ícone de coragem como Milk.

O elenco todo, aliás, está excepcional. James Franco, Emile Hirsch (destaque pra ele)... sensíveis, belos e humanos. Que sejam sempre tão bem dirigidos, esses meninos promissores. Que tenham mais oportunidades de contar grandes histórias com tanta verdade.

Bom também assistir os meandros da política de um ângulo privilegiado. Bom conhecer uma história inspiradora, grande, um momento histórico pouco divulgado. Sob uma ótica que não julga, vale ressaltar. E que o cinema nos brinde mais vezes com trabalhos documentais, importantes e delicadamente filmados como esse

Sean Penn pode tudo. Até superar essa interpretação. Não duvido de nada que venha dele. Ganhou meu Oscar de ator favorito. Next surprise, please, Mr. Penn?



Em tempo: Que esse postzinho da pseudo-crítica de cinema não te frustre. Não me levem a sério. Ever.

2 comentários:

Aline disse...

Te levo a sério sim, Pati! Ainda não vi Milk, acredita? Verei em breve! E também "The Reader", que deve ser bem bom!
Você assistiu a Slumdog Millionaire? Sem querer passar por (pseudo-)crítica, é maravilhoso! Vê e depois me diz o que você achou?
Beijos.

Mara De Santi disse...

Entendeu porque o Oscar deveria ser dele e de mais ninguém? (sorry Mickey, não o vi, mas duvido que tenha sido tão verdadeiro como Sean, que nem parece Sean). Que bom que gostou, querida. Desse eu falei superbem... hahahahaha. Beijos!