sábado, 7 de junho de 2008

Um dia claro

Há dias em que os ciclos se fecham... e todo o entendimento necessário vem à tona assim, sem esforço ou busca.

Hoje saí às compras. Gastei com roupas, algumas bobagens. Despesinhas merecidas, nada de extravagante. Mas que graças ao esforço do dia-a-dia posso me dar ao luxo, me permitir.

À noite, um senhor toca a campainha de casa e me pede atenção. Diz que foi vítima de um golpe, que veio de Araraquara a Americana atendendo a um convite de trabalho por empreitada (deu nome da empresa e do empresário) e que ao chegar à cidade com esposa e filhos, não encontrou nem o tal dono da empresa, nem o endereço, nada.
Disse-me ele que estava há 3 dias em banho, dormindo com a família em uma construção abandonada a 2 quadras aqui de casa. E que naquele momento, havia acabado de ser "despejado" pelo dono da obra. Disse-me ainda que ele e a família estavam famintos, que o único dinheiro que ele tinha havia sido gasto em pão para alimentar 4 bocas. Precisava de ajuda para voltar para casa: segundo o homem, R$ 15,00 eram suficientes para levar a família de volta pra casa, já que as passagens só seriam cobradas dele e da esposa. Disse que ia ajudá-lo acionando o abrigo municipal, mas ele me disse que já havia tentado essa alternativa, com uma longa (e convincente) explicação sobre os motivos de não terem sido aceitos por lá. Não sei porquê, mas senti sinceridade, verdade naquelas palavras. Doei algo que achei justo, segundo a minha consciência, mais um litro de leite e um pacote de bolachas. O homem agradeceu, chorando, e se foi.
Posso ser ingênua e isso até parece mesmo um golpe, mas sou daquelas que acredita que mais vale a minha intenção e a minha fé na condição daquele ser humano.

Mais tarde um pouquinho, vimos "Irmão Sol, Irmã Lua", filme de 1972, dirigido por Franco Zeffirelli, que conta a história de São Francisco de Assis. Linda fotografia, belas interpretações e uma mensagem de arrepiar: melhor seria o mundo se todos nos contentássemos com a simplicidade das coisas. Humildade. O cuidado com o outro. O amor à natureza, aos irmãos e aos animais.

Hoje foi um dia desses em que a vida me deu lições tão claras quanto o be-a-bá da 1ª série. Que bom estar disponível para aprender.

Um grãozinho de arroz!

Ando sumida daqui. Trabalhando tanto, que nem sobra tempo (e quando sobra tempo não sobra energia). Tem tanta coisa que eu gostaria de ter escrito aqui nos últimos dias!

Hoje fiquei chocada com um dos destaques do JN: morre uma senhora de 77 anos atacada no pesoço por um pitbull. Neste caso, o dono do cachorro foi encontrado, preso e liberado após pagar fiança. Mas quantos casos acontecem em que os donos de cães violentos (na maioria das vezes assim tornados pelos próprios, que isso fique claro, e irresponsavelmente liberados para as ruas - leia-se sem coleira e focinheira) acabam não identificados! Acho louvável a iniciativa de cidades como Americana e Valinhos, que colocaram como obrigatório aos donos de cães o processo de microchipagem. Num processo rapidíssimo e indolor, o cão recebe um microchip do tamanho de 1 grão de arroz e pode ser identificado em qualquer clínica veterinária da cidade ou no Centro de Zoonoses local. Através dos dados armazenados nesse microchip, sabe-se a identidade do dono, seu endereço e informações sobre a idade, a raça e as características do animal. Dessa forma, os donos de cães violentos podem ser responsabilizados por sua negligência em relação ao animal e aos outros (um fim justo para as histórias tristes) e cães perdidos podem ser encontrados e voltar para casa (quando a história é dessas de final feliz). Que mais cidades apostem no bom uso da tecnologia para resolver problemas tão antigos de forma tão eficaz.

Na foto, minha teckelzinha Freak no dia em que serviu de inspiração para muitos donos de cães no programa Catraca Show, do NET Cidade. Ela foi microchipada ao vivo, com a intenção de desmistificar o processo de microchipagem e falar de sua importância. Se comportou muito bem, exceto pelo fato de ter roído um cabo de intercom de nossa Unidade Móvel. Acho que era o nervosismo da tevê. O primeiro ao vivo a gente nunca esquece.