sábado, 7 de março de 2009

Deus me livre de ser super

Voltando da aula na FAV ontem, onze da noite, passaram por mim muitas vans com adesivos PUCC/UNICAMP. Voltei no tempo. O cheiro tentador de bolacha de chocolate da Triunfo na Dom Pedro ajudou. Sem querer, era 93 de novo. Fui lá e nem doeu.

A sopinha-de-caneca-fim-de-noite tá esfriando. Saudade dos sandubas pós-PUCC que eu mesma fazia na cozinha da Vó Tereza pra comer vendo tevê aberta (era só que havia, até então) no volume mínimo. Um tempo em que acordar a casa depois da meia-noite era sacrilégio.

A cozinha é minha, hoje. Vou aqui internetando, pouco lendo, pouco ouvindo o som da tevê ligada, muito divagando. Ninguém pra proteger do meu barulho. Nem desse silêncio que fala sem parar aqui dentro.

Quase ouvi (deve ser saudade) a mãe dizendo "Vai pra cama, menina! Amanhã você madruga!". Eu mesma me digo, e nunca me obedeço: "Já vou!" Vou nada, que sou notívaga feito um morcego.

Eu adoro a minha bagunça, minhas pequenas irresponsabilidades, meu comer errado, meu dormir pouco, a pilha de livros todos começados, meus DVDs não vistos voltando pra locadora. Confesso que às vezes me incomoda um pouco bater os olhos na confusão. Graças que quase sempre eu me ajeito. Em um dia ou outro, de cansaço, banzo e um tiquinho de problema pequeno pra transformar em monstrengo (sim, eu levo um jeito danado pra dar importância ao que quase nunca tem), acabo por dar conta, não. Mas daí me lembro que auto-suficiência é um troço bem chato, afinal. Sem essa de querer ser super.

Domingo ta quase aí. Dia de ir lá e matar a saudade dos meus véios, ganhar colo, falar da vida e fazer carinho. Abastecer o coração de amor e depois voltar pro meu mundinho. Encarar a semana, matar os tais monstros gigantes com leve pisadela, criar novos, ir adiante.

Quem não bagunça a vida pra arrumar tudo depois que atire o primeiro travesseiro esquecido na sala, o pé de meia desparceirado ou a caneca suja de sopa instantânea que só vai ser lavada amanhã.

6 comentários:

Mirela das Neves disse...

O povo não entende quando falo que gosto do domingo.
Acho que depois desse post conseguirei explicar melhor... Afinal domingo é o dia da vitalidade!!

=]

Micael disse...

Lavadas no dia seguinte? As minhas facilmente ganham parabéns de 3 dias na mesa... hahahaha!

Aline disse...

Nossa! Como te entendo, companheira! Sem essa de ser super!
Beijos.

Anônimo disse...

Que delícia de texto!!!
Foi tão bom quando descobri que não era obrigatório ser super, pra ser feliz!!!
Beijos, querida!!!

Anônimo disse...

Nostalgia gostosa =)

Alexandre Akira Forato disse...

Bem, acredito que é por meio das nossas bagunças que conseguimos nos organizar melhor. Repara que quando tudo está organizado, geralmente não conseguimos procurar o que queremos.