quarta-feira, 18 de março de 2009

Tô indo. Venham!



Quando postei essa imagem, há mais de meio ano, imaginava viver dias melhores. Um arrastão tinha passado por essa minha vidinha e estava que certa que, decisões tomadas, a destruição se reconstruiria num piscar de olhos. Pois bem.

Não consegui me mudar de casa, então, melhorei a que eu tinha. Assumi mais trabalho e responsas, dívidas necessárias, dúvidas tantas. Mal sabia eu que tinha de dar um tempo pra que a vida andasse de novo do jeito que eu sempre quis. É sábio trilhar certos caminhos até o fim. Viver o que deve ser vivido até o último instante. E deixar as coisas correrem a seu tempo. A ansiosa aqui achava tudo isso um grande clichê. Hoje, rendeu-se. Nada é assim automático na vida real. Quer você queira, quer não.

Rebobinando:

Quando postei essa imagem, há mais de meio ano, foi pensando em morar exatamente no predinho charmoso, antiguinho e aconchegante para o qual me mudarei em alguns dias. Ele sempre esteve ali, no caminho do trabalho pra casa, sorrindo pra mim. O muro coberto de hera, os pinheiros altos e elegantes, os janelões abertos revelando cortinas brancas e esvoaçantes. Peregrinei por todas as casas e prédios disponíveis na cidade e nada me agradava. Até que ontem peguei o último molho de chaves na Imobiliária pensando: "Cansei. Não me mudo até achar o que quero. Vou ver esse apê e dar um tempo." Não identifiquei de cara o endereço. Quando cheguei, mal podia acreditar que era lá o tal apê, no predinho que eu namoro há dois anos, antes mesmo do arrastão passar.

Tô feliz, planejando coisas, encaixotando as tralhas, sonhando em acordar feliz e dar bom dia ao mundo da varanda com floreira. Já vejo as pessoas amadas ali, meus moveizinhos queridos todos dispostos com alegria por aquele espaço ventilado, que se abre pra luz.

Que essa luz entre aqui dentro também. Que essa casa nova seja abençoada, como disse uma amiga querida hoje, uma amiga de muita fé.

Vou ali voltar a ser a velha-Patricia-nova. Convite pra conhecer a casa e (re)conhecer a Patrícia já estão valendo. Espero vocês.

quarta-feira, 11 de março de 2009

PPP



A prática da abstenção. Tenho tentado sair de dentro da minha vida e olhar pras pessoas, pro que sinto e pra mim (e para tudo o mais que me une ou desune das coisas do mundo) como alguém que se assiste.

Não é fácil. Se há dias em que gargalho com minhas patetices ou me orgulho de uns leões vencidos, há horas de me sentir nada confortável sob esses olhos grandes, perguntadores, enérgicos. Sou minha pior e mais algoz crítica, ever. Sinto decepcionar quem me aponta por aí, eu saiba ou não. Que os preocupados com o alheio ganhem por W.O. Não me acho importante quando há excesso de atenção. Nem sempre caio, se é momento de elogio. E quase sempre me espanta a obviedade de certas reações, em outros. Desisti de tentar separar (ou juntar, quem sabe?) o joio do trigo, o alho do bugalho. Não é preciso conspirar a favor do caminho fácil (e bestinha, bestinha) do bem e do mal.

A redenção está nas entrelinhas. No que se lê sem letra. No que dizem as ausências intrigantes e as presenças excessivas. No tempo que demora a pausa, no movimento que vem a seguir. Vai de feeling, de humor, de uma boa dose de intuição e perspicácia.

Salva-me a busca por ser inteira. Por ter finalmente entendido que não preciso me render ao que não ajuda, não resolve, não cabe ou acrescenta. E por sacar quando é hora de falar e hora de calar.

Pelas vias tortas ou retas de todas as dúvidas, aprendi a me olhar de fora enquanto encaro esse mundo-véio-sem-porteira-sem-block-e-sem-unfollow. E a nunca me separar de mim.

segunda-feira, 9 de março de 2009

domingo, 8 de março de 2009

Bailinho

Essa semana recebi um convite pra reunir os amigos trintões. A proposta era: meninas levam um prato, meninos levam a bebida. Estilo os velhos e bons bailinhos de garagem. Divertidíssima, a idéia. Não fui e me arrependi.

Ontem, resolvi botar o DVD do George Michael pra ser tema da faxina (sim, eu adoro George Michael, assumo!). Ô, banzo! Dancei com a vassoura, cantei a plenos pulmões. Me diverti sozinha.

E acabei me lembrando de uma paixonite adolescente. Corta pra um momento "mágico" em um bailinho (óbvio, na toca do Recrê) e organizado pela turma da 8a. série (me diverte lembrar desse tempo bobo e gostoso). Um dia em que um amor desses que a gente pensa (por 1 mês) que vai morrer por ele, foi inocentemente vivido. Foi mágico e curto. Like a vanish in the haze.

Vai aqui a canção-tema daquela dança. "One More Try" de rosto colado.
Pra você se divertir também, lembrando dos tempos em que sequer imaginava onde chegaria com essa sua vida.

De bobagens e reminiscências tantas é que se faz uma história, afinal. Enjoy!



P.S. Sim, ando muito reminiscente... E me divirto MUITO com isso.

sábado, 7 de março de 2009

Deus me livre de ser super

Voltando da aula na FAV ontem, onze da noite, passaram por mim muitas vans com adesivos PUCC/UNICAMP. Voltei no tempo. O cheiro tentador de bolacha de chocolate da Triunfo na Dom Pedro ajudou. Sem querer, era 93 de novo. Fui lá e nem doeu.

A sopinha-de-caneca-fim-de-noite tá esfriando. Saudade dos sandubas pós-PUCC que eu mesma fazia na cozinha da Vó Tereza pra comer vendo tevê aberta (era só que havia, até então) no volume mínimo. Um tempo em que acordar a casa depois da meia-noite era sacrilégio.

A cozinha é minha, hoje. Vou aqui internetando, pouco lendo, pouco ouvindo o som da tevê ligada, muito divagando. Ninguém pra proteger do meu barulho. Nem desse silêncio que fala sem parar aqui dentro.

Quase ouvi (deve ser saudade) a mãe dizendo "Vai pra cama, menina! Amanhã você madruga!". Eu mesma me digo, e nunca me obedeço: "Já vou!" Vou nada, que sou notívaga feito um morcego.

Eu adoro a minha bagunça, minhas pequenas irresponsabilidades, meu comer errado, meu dormir pouco, a pilha de livros todos começados, meus DVDs não vistos voltando pra locadora. Confesso que às vezes me incomoda um pouco bater os olhos na confusão. Graças que quase sempre eu me ajeito. Em um dia ou outro, de cansaço, banzo e um tiquinho de problema pequeno pra transformar em monstrengo (sim, eu levo um jeito danado pra dar importância ao que quase nunca tem), acabo por dar conta, não. Mas daí me lembro que auto-suficiência é um troço bem chato, afinal. Sem essa de querer ser super.

Domingo ta quase aí. Dia de ir lá e matar a saudade dos meus véios, ganhar colo, falar da vida e fazer carinho. Abastecer o coração de amor e depois voltar pro meu mundinho. Encarar a semana, matar os tais monstros gigantes com leve pisadela, criar novos, ir adiante.

Quem não bagunça a vida pra arrumar tudo depois que atire o primeiro travesseiro esquecido na sala, o pé de meia desparceirado ou a caneca suja de sopa instantânea que só vai ser lavada amanhã.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Por acaso? Nada é.

Nada como ir ao encontro dos amigos, celebrar com eles o bom que há, falar da vida, trocar dicas, jogar conversa fora.

Fabião e Lu acabam de voltar de Cuba e me levaram pra lá com eles. Jantamos, brindamos, falamos sem parar (como sempre).

Voltei pra casa com 2 DVDs indicados pra ver, cortesia dos queridos. Muitas imagens de Havana na memória. E a vontade de um dia tomar um mojito igualzinho ao de Hemingway, conhecer Varadero e explorar contrastes (em Cuba ou em qualquer outro lugar deste mundo pequeno que pode estar a uma idéia, um passo, umas economias aqui e ali).

Viajar. Os amigos não são por acaso. Muito menos as inspirações. Pé na estrada, que neste 2009 ainda rodarei. Acompanhada de gente boa. Não por acaso. Nunca, aliás.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Léia e o imponderável

Magrinha. Pequena. E um poço de doçura daqueles de vó gordona, sabe? Léia era assim. Evangélica, não se negava a discutir certos dogmas. Até sobre as posturas do Papa chegamos a falar (bem informada, nunca se furtou a conversar sobre o que quer que fosse). Gostava muito de ouvir, também. Mas sua voz fininha dizia sempre (e sem parar) coisas muito essenciais e simples (as primeiras que esquecemos, costumeiramente).

Quase todo sábado ela dava plantão aqui em casa. Organizava a minha vida, a do Marcelo e a da cachorrada com maestria. Fugia da Freak, a salsicha esquentada, que cismava sempre em dar o bote em suas canelinhas finas. Era o dia inteiro ouvindo: Freak, é a Léia, Freak! Morde a Léia, não! Me divertia, a doce Léia. Uma figura.

Dadas as mudanças todas na vida e ao caos instaurado, deixei de ligar pra Léia vir botar ordem nessa minha pequena confusão por um bom tempo.

Sexta passada (com as coisas todas quase nos seus devidos lugares) toquei o celular de Léia dia todo. Ouvi sua mensagem na caixa postal. Deixei recado. Ela, que sabia usar os recursos do celular bem melhor do que eu, era sempre rápida na reposta, via ligação ou SMS. Dessa vez, nem sinal.

Hoje me encontrei nos corredores com a colega que havia me indicado Léia pro trabalho. Regina me perguntou, assustada: "Você não soube, não?" Gelei. "Léia se matou." Assim, à queima roupa, sem nem o eufemismo do "suicidou-se".

Fiquei chocada. Regina explicou que ela travava uma batalha imensa contra a depressão, que não aceitava a ajuda nem dos irmãos de Igreja. Que todos tentaram, mas nada pôde ser feito. Meu Deus.

Enfim. Perdi o ar, dia todo. Ainda o perco aqui.

Guardo a toalhinha de mão que ela bordou caprichosamente com meu nome. Mamãe, que quando viu a minha gostou, também foi agraciada com o talento da querida com linhas e agulhas. Ela gostava de agradar. Só queria sentir-se bem-vinda. Coisa que a vida difícil sempre lhe negou. Léia não tinha família, sofreu eras sob o comando dos rígidos pais adotivos. Morava só. Ela, sua bicicleta, suas saias longas e seu coque preso à nuca. Era solteira, mas sonhava em viver um grande amor. Queria muito ter um cachorro, mas a dona da casa em que vivia lhe negou esse privilégio.

Me pus a pensar se poderia ter feito algo de diferente. Tento, ainda agora, refletir sobre o imponderável. Sobre o que não nos cabe (ou adianta) qualquer intervenção. Será?

Agradeço a Léia por ter dedicado a mim e a essa casa tanto da alegria que lhe faltava. Eu sinto tê-la perdido do meu convívio. Vão ficar na minha lembrança a sua honestidade em pedir pra levar pra casa as acerolas do pé que jorrava frutas sobre o quintal, sua meiguice, seu capricho com o trabalho, sua inteligência, brinde da vida.

Que coisa, meu Deus.