segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Mais estranho que a ficção


Ela ainda se lembra. Dos períodos curtos daquela história longa em que haviam sido felizes de verdade. Um filme que seu coração insistia em ver e rever e rever.

Ainda que a vida já não desse conta de voltar tanto a fita, ela sonhava em reescrever aquela droga de final. Já havia criado tantos outros roteiros... Mas de que adiantaria? Aquela era a sua obra-prima (mesmo sabendo que havia outras pra inventar). Sabia que deveria lhe bastar a alegria de um Oscar enfeitando a estante, ainda que por um roteiro de final duvidoso.

Um dia, sozinha, quietinha, a roteirista-mocinha lembrou que o filme até poderia ser reprisado. Mas jamais ganharia uma reedição especial. Seria sempre o seu Oscar de melhor drama. Um repeat ilógico e constante em busca de - quem sabe um dia - se encontrar de novo entre aplausos, dentro de um vestido bonito, com cabelo arrumado, nas mil entrevistas que, desde então, lhe exigiriam conceder.

Ficar muito reflexiva não era sua praia. Mas não é que pensar ajudou? Refilmagens de clássicos costumam decepcionar, afinal. "E logo, logo entra filme novo em cartaz." - constatou ela, com um sorriso no rosto. O cinema é quase sempre auto-referente. E a vida é feita de passado, sim. Mas especialmente de renovação.

3 comentários:

Aline disse...

Torço pra que um novo filme entre logo em cartaz! E que seja uma comédia romântica, daquelas bem gostosas.
Beijos.

Débora Rubin disse...

Ah, que saudade desse café!
Coloquei a leitura em dia e só confirmei o que eu já sabia: esse blog faz bem à alma!

E eu sou lá de perder tempo maldizendo blog e xingando virtualmente? Nãaaaao, blogo para encontrar a paz. E aqui eu a encontro.

Maravilhosos seus últimos posts :-)

(como diz sua amiga Mara, que novidade!! haha)

grande beijo

Anônimo disse...

Oi, Patrícia. Obrigado pelo seu comentário no "Xis". O primeiro a gente nunca esquece. Volte mais vezes. Seu blog é legal. Vou anotar o endereço e ler no trabalho enquanto eu estiver matando tempo.