Pão feito em casa no fim da tarde, coberto de manteiga Aviação. Isso pra mim é como um abraço, um riso largo e um aconchego calmo no colo farto da mulher mais linda da família. Minha avó Tereza se parecia com a Lauren Bacall, vejam vocês. Dona de invejadíssimos olhos azuis, cuja genética (egoísta e bestamente) não nos cedeu a honra de ter, ela era um misto de personalidade, simplicidade e doçura (daquelas doçuras bem doces, que só as vós sabem ter). Como tudo nessa vida besta de meu Deus, ela também chegou ao fim. Me recordo de nos últimos dias, encontrá-la na cama, alheia ao mundo, mas sempre doce. Encostava meu nariz no dela, que abria um sorriso puro de criança feliz e dizia: "Boneca da Vó!" Eu sei que sou um pouco daquela vechiara, como a chamava meu tio. E já nem me importa que meus olhos castanhos não tenham nascido azuis. Agora, herdei os dela pra sempre, sempre abertos e bonitos, trancados a sete chaves no meu mais precioso baú de memórias. Saudade, viu, Vó...
sábado, 18 de agosto de 2007
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2 comentários:
Pat, meu bem...
Tens o dom da missiva!
O fato de nos fazer chorar não vai ficar impune!
Aí vai nossa doce vingança:
"Pai João
Pai João é tão velhinho!
E sobre um bastão encurvadinho,
arrasta os pés pelo chão
Não tem um dente na boca
A voz cansada e rouca
parece uma oração..."
Vontade de tá aí pra te dar(como ela diria) um struco!
beijãozão
Lindo Paty...Li somente hoje e me emocionei...que saudade da nossa vó, que continua nos abençoando,e a gente a amando onde quer que ela esteja!!!
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