quarta-feira, 14 de março de 2007

Entre Ilariês e Lígias


Diferentemente da maioria de meninas da minha geração, eu não queria ser Paquita, não. Além de não ser loira (apesar do seu Francisco insistir no contrário... rs) e ter um certo desajeitamento para dançar, a febre Xuxa nunca me convenceu. Eu ficava triste quando aquelas 2 xuquinhas misteriosamente sustentadas no vácuo ofereciam um café da manhã suntuoso e colorido, totalmente à la Projac, a crianças que iam pra escola pra comer merenda porque em casa as panelas andavam vazias. Imaginava um garoto de rua lá, vendo aquela cena nababesca e comparando com a sua dura e faminta realidade numa vitrine qualquer das Casas Bahia... e isso me chateava muito.
Bom, na verdade, começo com a Xuxa para acabar no Tom Jobim (o bom de blogar é o descompromisso, até mesmo com qualquer senso de lógica) . Dia desses a Globo (a mesma Globo da lourona-rainha-do-café-da-manhã) exibiu um especial muito bacana em homenagem ao aniversário do grande Tom Jobim. E eu, me deliciando com as minhas canções favoritas, me deparei com Elis, Chico, Sinatra, Vinícius e aquelas cenas tão comuns na TV nos anos 80: Jobim versão piano e voz, acompanhado daquelas moças elegantes e intensas, cantando com toda suavidade e beleza: suas crooners. Pronto, lembrei que era isso que eu sonhava ser quando criança: crooner do Tom Jobim. Ser Paquita da Xuxa, sinceramente e tentando evitar qualquer traço esnobe que essa declaração possa ter, nunca me passou pela cabeça.
P. S. O fato de eu ser uma cantora ruim, a essa altura do campeonato (com o jornalismo me tomando todas as artérias) não faz a menor diferença.

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