segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Vidabela



Estar disponível para a vida. Cada dia me mostra que por mais tortuosos que sejam os caminhos, por mais difícil que seja encontrar as respostas, por maior que seja a ventania que faz rodopiar no caos, não há outro caminho.
Há que entregar seu coração para as pessoas, há que dizer que elas fazem falta. Há que acreditar na vida a dois, casar-se e declarar para o mundo. Há que reunir as pessoas em torno do amor e da alegria, porquê se é especial, por merecimento, porque quem aceita o convite acredita no amor tanto quanto, faz dele um motivo, uma bandeira. Há que fazer votos, oferecer presentes simbólicos, brindar, temer as surpresas mas ir encontrá-las.
Há que trocar notícias, vir do outro lado do mundo para celebrar um momento único com quem lhe é caro. Há que ajeitar-se bem, carregar na maquiagem, vestir as melhores roupas pra depois sujá-las na areia, molhá-las no mar, suá-las na pista. Há que tirar os sapatos altos, jogá-los em um canto qualquer e calçar os rasteiros sem medo de brigar com a etiqueta. Há que lembrar os amigos de acordar pra aproveitar o dia, há que permitir que a música lhe embale, há que deixar a festa só quando ela acaba. Pode tudo: ser rainha de bateria, assumir voz e violão do lual, encampar guerra por buquê, paquerar o garçom bonito, ser a estilista da noiva, partilhar um café da manhã rindo da noite pouco dormida porque a madrugada era pouca para tanto assunto.
Há que esquecer as desculpas, a distância, a falta de tempo. Há que gargalhar, fazer gargalhar, morrer de rir. E chorar de saudade, amor, carinho e emoção: vale também.
Seja disponível, esteja disponível. Deixe que tudo o que pode ser te alcance. Porque como disse lindamente a dona da festa, os dispostos se atraem. E Ilhabela é bonita, sim. Mas a vida é muito mais.

PS: A imagem linda é de Flávio Rodrigues

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Vou sim...



Já que não estamos aqui só a passeio
Já que a vida enfim, não é recreio
Eu vou na bubuia, eu vou
Flutuo, navegando, sem tirar os pés do chão
365 dias na missão
Na bubuia, eu vou
Subo o rio no contrafluxo
À margem da loucura
Na fé que a vida após a morte, continua
Eu vou na bubuia, eu vou
Entoo uma toada em dia de noite escura,
Na sequencia, na cadencia, na fissura,
Eu vou na bubuia
Eu vou suave bebendo agua na cuia
Olho aberto, papo reto o peito como bússula
Nenhum receio do lado negro da lua
Que me guia, na bubuia
Eu vou, na bubuia, eu vou...
O destino é um mar onde vou me desfazer
Contente a deslizar na correnteza do viver
Na bubuia eu vou..
Eu vou na bubuia eu vou...

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

O ano que se partiu em dois



2010 foi um ano cortado ao meio. De tão intenso, teve de ser dividido em 2 grandes pedaços pra ser degustado. Ou devorado, a julgar pela velocidade com que ele passou.
6 meses de uma história de 8 anos, que carrego com orgulho e carinho. 6 meses de um novo projeto, do recomeçar a partir de uma nova oportunidade.
Meio ano de velhos amigos mais perto e, pasmem, meio ano de amigos que ficaram mais próximos do que nunca.
Meio ano de saudade, meio ano de vontade, meio ano de expectativa, um ano todo me sentindo viva.
Um meio de ano intenso, com amor e carinho imensos recebidos na partida e encontrados na chegada.
Algumas coisas pra arranjar pra 2011 ser melhor. Mas são bem poucas, viu?
Obrigada, seu 2010. O senhor assim, dividido ao meio, não têm idéia de quantas partes colou para me juntar novamente.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Um expressíssimo

Uma mudança complicada e atrapalhada (como todas são, especialmente as minhas), três ou mais projetos grandes no trabalho, aulas tantas (professora e aluna, divido as duas alcunhas neste momento...), uma gripe forte, insistente e chata... tudo-isso-ao-mesmo-tempo-depois: eis-me de volta.

Saudade desse humirrrde "estabelecimento", que feito pra servir um cafezinho quente todo dia, ficou tempão de portas abertas e à base da cretina plaquinha: "Hoje, só amanhã."

Bom... aos poucos a vida volta aos eixos. Acreditem se quiserem: a "resolvedora de coisas" aqui ainda vê os quadros não pendurados, a máquina de lavar roupa sem funcionar e o tapete lindo comprado pra sala enrolado num canto do quartinho da bagunça.

No mais, a cachorrada aprendeu a fazer xixi na lavanderia (dá-lhe jornal espalhado e dicas de Arquimedes, o amigo adestrador); ainda me habituo ao barulho ensurdecedor da avenida (enquanto aprendo a ajustar o volume da tevê e do som pra não incomodar os vizinhos de prédio); alegrias no trabalho, responsas boas na facul...

Tirando o fato de ter levado a primeira bronca do sindico hoje (fui lavar a minha sacada e molhei toda a sacada do apê baixo - que justamente é a do síndico... - pati #fail na vida em condomínio - hehehehe), tô aí, me desculpando pelos erros e feliz com os acertos.

Volto em breve com um café mais caprichado. Prometo. Quando consigo voltar pra essa espelunquinha que amo tanto, não a deixo. Não a deixem também. A especialidade da casa tarda mas não falha.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Tô indo. Venham!



Quando postei essa imagem, há mais de meio ano, imaginava viver dias melhores. Um arrastão tinha passado por essa minha vidinha e estava que certa que, decisões tomadas, a destruição se reconstruiria num piscar de olhos. Pois bem.

Não consegui me mudar de casa, então, melhorei a que eu tinha. Assumi mais trabalho e responsas, dívidas necessárias, dúvidas tantas. Mal sabia eu que tinha de dar um tempo pra que a vida andasse de novo do jeito que eu sempre quis. É sábio trilhar certos caminhos até o fim. Viver o que deve ser vivido até o último instante. E deixar as coisas correrem a seu tempo. A ansiosa aqui achava tudo isso um grande clichê. Hoje, rendeu-se. Nada é assim automático na vida real. Quer você queira, quer não.

Rebobinando:

Quando postei essa imagem, há mais de meio ano, foi pensando em morar exatamente no predinho charmoso, antiguinho e aconchegante para o qual me mudarei em alguns dias. Ele sempre esteve ali, no caminho do trabalho pra casa, sorrindo pra mim. O muro coberto de hera, os pinheiros altos e elegantes, os janelões abertos revelando cortinas brancas e esvoaçantes. Peregrinei por todas as casas e prédios disponíveis na cidade e nada me agradava. Até que ontem peguei o último molho de chaves na Imobiliária pensando: "Cansei. Não me mudo até achar o que quero. Vou ver esse apê e dar um tempo." Não identifiquei de cara o endereço. Quando cheguei, mal podia acreditar que era lá o tal apê, no predinho que eu namoro há dois anos, antes mesmo do arrastão passar.

Tô feliz, planejando coisas, encaixotando as tralhas, sonhando em acordar feliz e dar bom dia ao mundo da varanda com floreira. Já vejo as pessoas amadas ali, meus moveizinhos queridos todos dispostos com alegria por aquele espaço ventilado, que se abre pra luz.

Que essa luz entre aqui dentro também. Que essa casa nova seja abençoada, como disse uma amiga querida hoje, uma amiga de muita fé.

Vou ali voltar a ser a velha-Patricia-nova. Convite pra conhecer a casa e (re)conhecer a Patrícia já estão valendo. Espero vocês.

quarta-feira, 11 de março de 2009

PPP



A prática da abstenção. Tenho tentado sair de dentro da minha vida e olhar pras pessoas, pro que sinto e pra mim (e para tudo o mais que me une ou desune das coisas do mundo) como alguém que se assiste.

Não é fácil. Se há dias em que gargalho com minhas patetices ou me orgulho de uns leões vencidos, há horas de me sentir nada confortável sob esses olhos grandes, perguntadores, enérgicos. Sou minha pior e mais algoz crítica, ever. Sinto decepcionar quem me aponta por aí, eu saiba ou não. Que os preocupados com o alheio ganhem por W.O. Não me acho importante quando há excesso de atenção. Nem sempre caio, se é momento de elogio. E quase sempre me espanta a obviedade de certas reações, em outros. Desisti de tentar separar (ou juntar, quem sabe?) o joio do trigo, o alho do bugalho. Não é preciso conspirar a favor do caminho fácil (e bestinha, bestinha) do bem e do mal.

A redenção está nas entrelinhas. No que se lê sem letra. No que dizem as ausências intrigantes e as presenças excessivas. No tempo que demora a pausa, no movimento que vem a seguir. Vai de feeling, de humor, de uma boa dose de intuição e perspicácia.

Salva-me a busca por ser inteira. Por ter finalmente entendido que não preciso me render ao que não ajuda, não resolve, não cabe ou acrescenta. E por sacar quando é hora de falar e hora de calar.

Pelas vias tortas ou retas de todas as dúvidas, aprendi a me olhar de fora enquanto encaro esse mundo-véio-sem-porteira-sem-block-e-sem-unfollow. E a nunca me separar de mim.

segunda-feira, 9 de março de 2009