quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Bem, (queridos) amigos da Rede Globo!


Não, esse não é um post sobre futebol, Fórmula 1 ou sobre a mais recente gafe de Galvão. Quero dar a minha impressão sobre "Queridos Amigos", a nova minissérie do plin-plin. Confesso que assistindo às chamadas na tevê e lendo as divulgações publicadas na rede, talvez tenha criado expectativas demais sobre a produção.
Primeiro que a qualidade da Globo para dramaturgia é indiscutível, especialmente quando se trata de produções mais curtas e de época, gostemos ou não da novela das oito. Segundo que o elenco estelar é um dos mais competentes já reunidos em um único cast. Terceiro que o tema do desejo de reviver o passado e retomar o clima de amor e amizade com amigos de épocas doce e inocentemente passadas (ainda que levem estes adjetivos somente em nossas seletivas lembranças), é universal.
A questão é que estamos chegando ao terceiro capítulo e a impressão que "Queridos Amigos" me passa é de um amontoado de clichês. Das personagens sobreviventes à já tão explorada "época da ditadura", em sua maioria, todos são o que nos fizeram, por décadas, acreditar que fossem: a esotérica, o traumatizado, o comunista convicto, o bem-sucedido de bom coração, a mãe de família que se rendeu ao american way of life... todos estão lá, escritos para serem imediatamente reconhecidos. A reconstituição da década de 80, inclusive, me parece fraca e pouco comprometida (ainda que isso signifique o mérito de não ser caricata, o que já é grandessíssima coisa). A trilha sonora nos ganha pela associação imediata a nossos deliciosos recuerdos musicais... mas, ao mesmo tempo, é também uma grande obviedade, cheia de hits.
O amigo Carlão me lembrou hoje que a direção de cenas e de imagens (além da locação da casa do protagonista) é de muito bom gosto, o que concordo em gênero, número e grau.
Isto puesto, os textos altamente poéticos e superconstruídos não convencem, a atuação de alguns destes grandes nomes não satisfaz e a talentosíssima autora Maria Adelaide Amaral (de quem sou fã inconteste) me parece ter sucumbido à lembrança altamente emocional da história que deu origem à obra, uma autobiografia declarada.
Vou continuar vendo. Sou como São Tomé. E torço para que nesse tira-teima televisivo eu me renda a "Queridos Amigos".

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